quarta-feira, 26 de junho de 2013

Bobby

Meu marido sempre quis ter um cachorro. Eu prefiro gatos. Temos dois gatos que adotamos desde quando nos mudamos para nossa casa e eles são "a alegria" da casa. Para nossa surpresa, a uns meses atrás apareceu um cachorrinho de rua na nossa porta, pedindo comida e carinho. Começamos a tratá-lo e claro que nos apegamos ao bichinho, surgindo assim aquela indecisão de adotá-lo ou não. Após muito conversar, decidimos adotá-lo, comprando uma casinha, pratinhos novos, remédio de pulga, vermífugo e ... banho.

Bobby (frente) com sua "namoradinha" Sara Lee ...
Depois de muito planejar, conseguimos cercar a nossa casa, que até então, era invadida por crianças e animais da vizinhança, quando estávamos trabalhando ou passeando. Pequenos vândalos que sujavam as janelas, paredes e o terreno com suas patas e pés sujos, com bolas de plásticos e papeizinhos de balas. Agora isso tudo acabou!  Com o Bobby de guarda dentro do terreno cercando, os pequenos vândalos se afastaram, não ousando sequer olhar para dentro da cerca.

Ele apareceu do nada, faminto, sujo e com cara de abandono. No início,  vinha apenas comer e voltava para a rua. Mas com o tempo, ele foi ganhando atenção, carinho e uma casa. Hoje ele faz parte da nossa família também. Bobby é um cachorrinho de rua sem raça definida, carinhoso, brincalhão e que nos conquistou com seu olhar triste. Com o passar do tempo, descobrimos que nosso cãozinho estava doente, pois não parava de tossir e decidimos levá-lo ao veterinário. Chegando lá após ser examinado e feito alguns testes, descobrimos que Bobby além de pneumonia, tinha cinomose.


Começamos então um ritual de tratamento, com medicação e deixando ele dentro de casa para não pegar mais frio, pois a pneumonia foi adquirida nas suas noitadas na chuva e no frio. Todos nós sabemos que a cinomose não tem cura, mas estamos tratando os sintomas que vão aparecendo ao longo do tempo. Hoje ele já está bem melhor, ativo, brincalhão, seus pêlos cresceram consideravelmente, pois quando o pegamos, também estava desnutrido.

Em troca de todo carinho e atenção, dos banhos, comidas e brincadeiras, ele protege nossa casa com unhas e dentes. Também se deu muito bem com nossos gatos, apesar de no começo, o Ozzy não gostar muito da idéia. Hoje a convivência é pacífica, Bobby tem sua casinha quente, seu macaquinho de pelúcia para brincar (o Kong), que ele adora e o tratamento da cinomose continua. Quanto a pneumonia, ele já está curado.

É difícil você decidir adotar um animal de rua já adulto e doente, pois assim como ele não teve dono, sempre teve que lutar para comer, para ter um canto para dormir, para sobreviver. Ás vezes o Bobby não nos obedece, pois não foi acostumado aos "nãos" necessários, aos limites, nos mostrando os dentes e rosnando. Entendemos que ele não tinha até então, alguém para respeitar como dono, e como já comentei, é difícil adotar um animal com a personalidade já formada.


Paciência é a palavra chave, pois com o tempo ele vai se adaptando aos costumes da casa. Agora ele entende que só pode ficar no sofá até a gente ir dormir, depois tem que ir para a casinha. Que a ração dele não é  a mesma que a dos gatos. Que tudo tem um limite, mas ainda não entendeu que não pode ficar cavando no barro vermelho toda vez que o colocamos fora de casa. Ainda estamos em treinamento com ele, mas é complicado tirar esse hábito dos cães, não é?

Apesar de todas as coisas que tivemos que abrir mão por ele, dos gastos, da paciência, da correria ao veterinário que não foi apenas uma vez, fico muito feliz em tê-lo na nossa casa, afinal de contas, quem nos adotou foi ele. Tem dias que a gente fica meio impaciente com ele, pois os cães tem uma energia inacreditável, mas o seu olhar, o seu carinho e suas brincadeiras compensam qualquer coisa.

Tenho certeza absoluta que adotar um animal de rua nos torna pessoas melhores!

Até logo!



sábado, 15 de junho de 2013

Dexter and Me

As pessoas que conhecem bem eu e meu marido, sabem da nossa adoração por seriados de TV. Desde o início do nosso namoro, uma das várias afinidades que temos é assistir séries, acredito até que a mais forte de todas. No momento estamos assistindo Dexter, mas confesso que no começo, apesar de ter ouvido falar muito dessa série, não gostei dos primeiros episódios, chegando ao ponto de pensar em desistir de assistir. Por insistência do meu marido, acabei continuando a assistir com ele, e conforme os episódios aconteciam, comecei a me interessar mais pela história. Hoje vamos começar a quinta temporada, e confesso que é um dos melhores seriados que assisti, porque me identifiquei muito com o personagem de Michael C. Hall, o famoso Dexter Morgan.


Não pense que eu sou uma assassina ou tenho uma mente fértil quanto o Dexter tem, mas existem particularidades que aparecem na série, das quais eu me identifico muito. Assim como o Dexter, eu sou uma pessoas extremamente observadora, e tem coisas que a maioria das pessoas não vêem e que eu percebo, e quando eu resolvo contar, as pessoas ficam me olhando como se eu fosse um ser de outro planeta. Também não costumo tomar uma decisão ou fazer alguma coisa grande, se eu não tiver 100% de certeza que vai dar tudo certo, entrando aqui minha afiada capacidade de observação.


Eu observo muito as pessoas, sem que elas percebam. Eu percebo aquele olhar que você acha que ninguém viu, sabe aquele que a pessoa olha para a outra e pensa "otária"...eu já vi isso muitas vezes. Eu posso dizer todos os cacoetes, tics, e manias que as pessoas ao meu redor tem, e tenho certeza que você pensa que ninguém nunca percebeu. Eu percebi sim. Eu leio pensamentos. Não da maneira que você imagina, mas de uma forma bem particular que o meu marido conhece ( né Fabio?). Eu sei o que você pensa, através do seu olhar, do jeito que você coloca as suas mãos, ou dobra as pernas, pela forma como você reage a certas coisas. Você não sabe o quanto observar as coisas, nos faz perceber os detalhes mais sórdidos, mais escondidos, mais secretos nas pessoas.

Mas as vezes tem coisas que eu preferia não ter visto, e eu juro que não foi de propósito. Assim como meu amigo Dexter, eu tenho meus segredos, eu guardo o segredo de outras pessoas de muitos anos e lhes garanto que ninguém jamais ficará sabendo. Existem coisas que não precisam ser mostradas, faladas, feitas ou relembradas. Mas os segredo dos quais eu falo, não são coisas ruins, que prejudicaram alguém, ou algum assassinato jogado em alto mar, como o Dexter costuma fazer, mas são coisas minhas, e acredito que todas as pessoas tem seus segredos, mesmo aqueles que você não faz questão de lembrar. 

Em se tratando de escolher uma profissão, acho que também me identifico com ele, afinal, trabalhamos com seres humanos, ele com os que já morreram e eu, com os que vão morrer. Assim como a profissão dele, meu trabalho também é muito delicado e meticuloso, sendo que para realizá-lo você precisa prestar muita atenção e a observação aqui também é fundamental. É necessário perceber que o corpo da pessoa está mudando, através dos sinais que a doença manifesta no paciente, e os sintomas que se escondem ou se mascaram atrás da doença ou da medicação.


Outra coisa marcante no Dexter é a respeito dos seus sentimentos. Também não costumo demonstrar muito aquilo que eu sinto, com exceções das pessoas que amo de verdade, mas acredito que mesmo assim, ainda deixo um pouco a desejar. Não é que eu seja uma pessoa fria, que não tenha sentimentos, apenas penso que eu não preciso manifestar isso a todo momento. As pessoas que convivem comigo, sabem dos meus sentimentos por elas e isso já é o suficiente para mim.

Acredito que não só eu, mas várias pessoas tenham particularidades e afinidades com o personagem Dexter, fazendo com que seja uma das séries mais vistas na televisão. Não me arrependi nem um minuto por ter começado a assistir e recomendo com certeza. E você, tem alguma afinidade com o personagem?

Até a próxima!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Cansada

Hoje eu não deveria estar escrevendo pois não estou bem comigo mesmo. Ultimamente tenho pensado muito a respeito do meu futuro, um dos motivos de ter me afastado do blog, pois minha inspiração sumiu e sinceramente, eu não tinha vontade de escrever nada. Li alguns textos que de algum modo me ajudaram a pensar mais ainda naquilo que eu quero para minha vida. Tive algumas certezas e mais dúvidas do que eu tinha antes. Descobri através de um teste que sou uma pessoa introvertida, o que para mim foi um alivio saber que existem mais pessoas como eu e que vivem bem com isso.

Descobri também que me sinto isolada no meio de uma multidão de selvagens e que meu lugar é em qualquer lugar do mundo, menos aqui, no Brasil. Decidi que quero ir embora daqui, o mais rápido possível e preciso me mexer para que isso aconteça. Na verdade estamos fazendo muitas pesquisas e nesse momento, depois de todos os pauzinhos mexidos, é só aguardar. Eu sinto, eu espero, eu torço para que todos os nossos planos dêem certo. E vão dar!

Descobri que os amigos que eu realmente me importo, eu conto nos dedos e tive uma vontade quase surreal de acabar com o meu facebook, idéia que ainda não abandonei. Esses amigos que conto nos dedos, são aqueles que eu quero ter notícias, que eu quero conviver sempre e não importa o tempo, a distância e o que aconteça, eu sei que quando voltarem, as coisas continuarão iguais, apenas teremos mais histórias e experiências para dividir. Para mim, fazem parte da minha família.

Sou introvertida, logo gosto de coração de algumas pessoas, outras eu suporto e a maioria não quero que façam parte da minha vida, e essas com certeza sabem disso sem eu nunca ter falado. Faço questão de não conhecer meus vizinhos, não quero intimidades com estranhos, não gosto de fazer novas amizades, e aprecio de verdade a solidão. Adoro brincar com meus gatos e com meu cachorro, amo conversar com meu marido, que além de ser a pessoa mais compreensiva do mundo, é a mais inteligente que eu já conheci. Não é a toa que me casei com ele. Minha alma gêmea!

Gosto de pessoas inteligentes, simples e sem fricotes, que tem algo de bom a acrescentar na minha vida, de trocar experiências sobre viagens, vinhos, seriados, livros, gastronomias e outros assuntos interessantes que não prejudicam ninguém. Gosto de falar de coisas e não de pessoas. Eu fico doente de ouvir as pessoas comentando sobre o que aconteceu nas novelas, no BBB, que o filho de fulana se separou, que o sicrano fugiu com a empregada, enfim, fazendo fofocas da vida alheia. Me dói ver a falta de cultura nas pessoas.

Eu sei que hoje não é um bom dia para mim, mas eu precisava escrever como me sinto. Nem fui trabalhar. Me sinto sugada, cansada, desanimada, e só de pensar em ter que começar a mesma ladainha amanhã cedo, tenho vontade de sumir. As mesmas pessoas, com as mesmas reclamações, a mesma rotina e isso me desanima de uma forma inexplicável. Se pelo menos eu tivesse alguém com os mesmos interesses que eu para conversar, mas a base da conversa é sempre a mesma: a vida alheia.

Hoje eu não quero mais conversar com ninguém, quero somente ficar deitada na minha cama, com meus gatos e meu marido, sem ter que dar satisfação da minha vida para ninguém. Odeio viver em uma sociedade tão egoísta, falsa e primata. Quero me isolar de tudo e de todos, e fingir que toda essa falsidade e falta de cultura é apenas um sonho. Cansei de tudo o que me faz mal.


Até mais!!

terça-feira, 11 de junho de 2013

A Arrogância Segundo os Medíocres

Fuçando a internet dia desses, me deparo com esse texto, escrito por Carmen Guerreiro, que simplesmente coloca em palavras tudo aquilo que eu penso a respeito da arrogância e da mediocridade das pessoas. A maioria delas te olham diferente quando você não concorda com o estilo de vida que elas escolhem viver.  O que para você é prioridade, para elas é frescura, "gente pobre querendo ser rica" e por aí vai. Não conseguem entender que as pessoas tem prioridades diferentes, pensamentos diferentes e que ao contrário de todos os que trabalham comigo, eu não assisto novelas. As vezes penso que estou morando no lugar errado, na época errada, com as pessoas erradas, mas fiquei muito feliz quando encontrei esse texto, pois ao contrário do que eu pensava, existem outras pessoas que passam pela mesma situação que eu, que tem os mesmos pensamentos que os meus.

Leia e texto e tire suas próprias conclusões:

“Adorei o seu sapato”, disse uma amiga para mim certa vez.
“Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei super legal também”, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências  quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz “que metida”. Mas para meia-entendedora que sou, o “ah…” que ela respondeu bastou.
Incrível é que posso afirmar com toda convicção que, se tivesse comprado aquele sapato em um camelô da 25 de março, eu responderia com a mesma empolgação “Legal, né? Achei lá na 25!”. Só que aí sim eu teria uma reação positiva, porque comprar na 25 “pode”.
Experiências como essa fazem com que eu mantenha minhas viagens em 13 países, minha fluência em francês e meus conhecimentos sobre temas do meu interesse (linguística, mitologia, gastronomia etc) praticamente para mim mesma e, em doses homeopáticas, comente entre meu restrito círculo familiar e de amigos (aquele que a gente conta nos dedos das mãos).
Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”.
Não importa que ele pague R$ 30 mil em um carro zero, enquanto você dirige um carro de mais 15 anos e viaja durante um mês a cada dois anos para o exterior gastando R$ 5 mil (dinheiro que você, que não quer um carro zero, juntou com o seu trabalho enquanto ele pagava parcelas de mil reais ao mês). Não importa que você conheça uma palavra em outra língua que expressa muito melhor o que você quer falar. Você não pode mencioná-la de jeito nenhum! Mas ele escreve errado o português, troca “c” por “ç”, “s” por “z” e tudo bem.
Não pode falar que não gosta de novela ou de Big Brother, senão você é chato. Não pode fazer referência a livro nenhum, ou falar que foi em um concerto de música clássica, ou você é esnobe. Não ouso sequer mencionar meus amigos estrangeiros, correndo o risco de apedrejamento.
Pagar R$200 em uma aula de francês não pode. Mas pagar mais em uma academia, sem problemas. Se eu como aspargos e queijo brie, sou “chique”. Mas se gasto os mesmos R$ 20 (que compra os dois ingredientes citados) em um lanche do Mc Donald’s, aí tudo bem. Se desembolso R$100 em uma roupa ou acessório que gosto muito, sou uma riquinha consumista. Mas gastar R$100 no salão de cabeleireiro do bairro pra ter alguém refazendo sua chapinha é considerado normal. Gastar de R$30 a R$50 em vinho (seco, ainda por cima) é um absurdo. Mas R$80 em um abadá, ou em cerveja ruim na balada, ou em uma festa open bar… Tranquilo!
Meu ponto é que as pessoas que mais exercem essa censura intelectual têm acesso às mesmas coisas que eu, mas escolhem outro estilo de vida. Que pode ser até mais caro do que o meu, mas que não tem a pecha de coisa de gente arrogante.
O dicionário Aulete define a palavra “arrogância” da seguinte forma:
1. Ação ou resultado de atribui a si mesmo prerrogativa(s), direito(s), qualidade(s) etc.
2. Qualidade de arrogante, de quem se pretende superior ou melhor e o manifesta em atitudes de desprezo aos outros, de empáfia, de insolência etc.
3. Atitude, comportamento prepotente de quem se considera superior em relação aos outros; INSOLÊNCIA: “…e atirou-lhe com arrogância o troco sobre o balcão.” (José de Alencar, A viuvinha))
4. Ação desrespeitosa, que revela empáfia, insolência, desrespeito: Suas arrogâncias ultrapassam todo limite.
Pois bem. Ser arrogante é, então, atribuir-se qualidades que fazem com que você se ache superior aos outros. Mas a grande questão é que em nenhum momento coloco que meus interesses por línguas estrangeiras, viagens, design, gastronomia e cultura alternativa são mais relevantes do que outros. Ou pior: que me fazem alguém melhor que os outros. São os outros que se colocam abaixo de mim por não ter os mesmos interesses, taxar esses interesses de “coisa de grã-fino” (sim, ainda usam esse termo) e achar que vivem em um universo dos “pobres legais”, ainda que tenham o mesmo salário que eu. E o pior é que vivem, mesmo: no universo da pobreza de espírito.

Até logo!