domingo, 25 de maio de 2014

São Joaquim - Parte Final

Depois que nosso motorista partiu em busca de ajuda, houve um pequeno silêncio entre os membros do passeio, e todos do lado de fora do carro, olhavam ao redor na esperança de encontrar algum tipo de ajuda. O nosso organizador do evento, Jackson, viu uma casinha ao longe, com uma estradinha aparentemente sendo uma pequena vila. Após sinalizar na estrada com o triângulo, ele nos disse que deveríamos nos separar e procurar ajuda. Um dos membros da equipe, Tiago, em um grito desesperado de pânico, disse que não deveríamos nos separar pois iríamos começar a morrer como nos filmes de terror e que logo iríamos ouvir a motosserra vindo em nossa direção e que então seria nosso fim.


As gargalhadas começaram. Jackson e Fabio foram andando pelo acostamento do asfalto até a casinha para pedir ajuda, enquanto o resto da turma, aguardavam no carro eles voltarem. Tiago sentado no último banco do carro com sua esposa, começou a dizer que eles não voltariam mais e que logo haveria uma mão ensaguentada batendo na janela traseira do carro, escorrendo sangue e manchando o vidro do carro. Quando fôssemos ver o que havia acontecido, haveria um dos colegas que foram pedir ajuda, caído morto atrás do carro. Acho que ele assiste muito filme de terror. E o tempo passava e nem sinal dos nossos colegas. Ouvíasse um silêncio profundo que era quebrado cada vez que passava um carro no asfalto. Alguns sentaram dentro do carro, outros ficavam conversando do lado de fora, e algumas meninas procuravam um "banheiro seguro" para poder aliviar a bexiga.

A conversa fluia solta...
E lá longe no horizonte, vemos a sombra de duas pessoas caminhando. Como já identificamos nossos esposos, eu e a Aline fomos ao encontro dos dois, pois precisávamos urgentemente de um "banheiro". Assim que nos encontramos, eles nos disseram que não havia um alma viva para emprestar um telefone, que bateram de casa em casa e não foram atendidos. Parecia que estava tudo abandonado. Ótimo!!
Após avisá-los da nossa necessidade urgente, retornamos a pequena vila e procuramos por um banheiro sem sucesso, o que nos obrigou a voltar a idade da pedra e relembrar o quanto é ruim para uma mulher não ter um bacio para sentar. Mas nem vou reclamar muito, porque como sou uma pessoa prevenida, pelo menos eu tinha alguns pedaços de papel higiênico na minha necessarie, o que diga-se de passagem, nos foi muito útil.

Aliviadas e novamente animadas, voltamos para nosso carro. O pessoal já estava ficando entediado porque já havia se passado um bom tempo sem termos notícias do motorista e nem a ajuda que tanto esperávamos havia aparecido. Novamente, alguns sentaram dentro do carro, outros foram mexer no motor do carro para tentar de alguma forma fazer um milagre, mas sem muito sucesso. Tiago então teve a idéia de subir em uma pedra gigantesca ao lado da estrada para ver se conseguia sinal de celular. Já em cima da pedra, fazia poses, caras e bocas que nós que estávamos olhando do chão, não parávamos mais de rir. Assim que descobriu que não haveria mais o que fazer, apenas aguardar, ele voltou para o carro e sentou-se indignado no banco traseiro, mordiscando uma maçã.

Tiago numa tentativa falha de achar um sinal..
Descendo indignado!
Uma caminhonete passa pelo nosso carro e pára mais a frente. É um dos empregados do nosso anfitrião, levando algumas pessoas para casa. Desceu do carro e veio ver o que estava acontecendo. Após explicações, tentativas inúteis de arrumar o motor de ambas as partes, ele oferece carona a um dos membros da equipe, pois o carro já estava praticamente lotado. Aline então foi a escolhida para seguir viagem, já que era a única no meio de todos que tinha filhos pequenos. Ela embarcou na caminhonete e nós continuamos nossas conversas paralelas no carro.

Fabio tentando achar um banheiro
Novamente aquele silêncio e de repente ouve-se uma motosserra sendo ligada. Tiago começou gritar e disse que tinha avisado que todos iríamos morrer. Começamos a rir muito e então todos entraram no carro pois estava anoitecendo e começamos a contar piadas. Cada carro que passava parecido com um guincho ou outra van, nós corríamos para a estrada para sinalizar e todos passavam direto, apenas buzinando ou dando sinal de luz. Apesar da longa espera, estávamos rindo e nos divertindo muito dentro do carro. Já estávamos começando a desanimar quando um guincho passou por nós e fez a volta, estacionando na frente do nosso carro. Alegria geral, todos já começando a arrumar as coisas pois o outro carro provavelmente estava chegando para nos socorrer. Doce engano!

Histórias e mais histórias
Ficamos sabendo que o outro carro que viria nos socorrer iria demorar mais algum tempo e como não tínhamos alternativas, tivemos que embarcar no nosso carro quebrado e nós seríamos guinchados até onde o carro novo estaria. O detalhe é que nós iríamos dentro do carro, em cima do guincho. Pânico total! Ninguém queria ficar dentro do carro para subir no caminhão, mas não tinha como subir depois, pois o guincho era bem alto. Escolhemos o Fabio para colocar o carro quebrado em cima do guincho com todos nós dentro, enquanto o Jackson e o motorista do guincho davam as coordenadas. Aquilo sim parecia um filme de terror. Todos com cara de assustado e o Fabio tentando subir no guincho sem fazer movimentos bruscos para não estourar a corda. Ok. Final da história e depois de muito pânico, ele conseguiu colocar o carro no guincho, foram presas as rodas e dali partiríamos rumo a um novo carro. Errado de novo!


Assim que nos arrumamos confortavelmente no carro, estaciona a van que iria nos levar até o centro de Urubici. Todos comemorando que agora estava tudo resolvido, descemos do carro que estava em cima do guincho, nos arrumamos na outra van e partimos até um posto de gasolina no centro de Urubici. Por ali ficamos esperando uma outra van que iria nos trazer até Timbó, sem mais pausas e trocas pelo caminho. Compramos uns lanchinhos e embarcamos no novo carro que nos aguardava do outro lado da rua. O motorista que nos levaria até em casa, deveria achar que era piloto de formula 1, pois não me lembro de andar tão rápido em um carro, desde que eu trabalhava no SAMU. O motorista conseguiu fazer em uma hora a menos o trajeto, de tanto que correu. Mas enfim, chegamos em casa vivos, quase perto da meia noite de domingo.

Apesar de todos os contratempos, a viagem foi maravilhosa e bem divertida. As pessoas não perderam o senso de humor, ninguém ficou chateado e o melhor de tudo, todos se divertiram muito. Esse foi um passeio que vai fica na história.


Até logo!