Lembro poucas coisas da minha infância. Minhas primeiras memórias são de um rancho que minha Vó tinha ao lado da casa, onde eu, meu irmão, primos e primas brincávamos o dia todo. Nós recortávamos figuras de revistas e colávamos nas paredes, para dizer que eram quadros. A nossa fantasia era que estávamos decorando a casa para morar.
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Brincando de casinha com as amigas. |
Depois pendurávamos uma lata de leite em pó vazia por um barbante que ficava pendurado pelo lado de fora da porta e quando alguém vinha nos visitar ( incluse os adultos) tinha que tocar a campainha ou seja, puxar o barbante até a lata de leite bater no teto pelo lado de dentro do rancho, fazendo um barulhão, aí sabíamos que tinhamos visitas.
Brincávamos de telefone. Minha prima morava com a minha Vó e eu na casa ao lado, então esticamos uma corda com um copinho de iogurte vazio de cada lado da corda e usávamos como telefone. Quando nós queríamos chamar o outro, nós apitávamos com um apito que vinha junto com os famosos sorvetes secos, aí o outro pegava o copinho e colocava no ouvido enquanto o outro falava. E para responder nós trocávamos os copinhos do ouvido para a boca.
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Era disso que eu estava falando. |
Lembro ainda que nós brincávamos de "ser professora". Enfileirava os bichinhos de pelúcia e dava aula para eles, escrevendo e explicando coisas que aprendíamos no colégio, no quadro negro, que ganhamos de presente no Natal. Você lembra o que é um quadro negro?
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Isso é um quadro negro |
Quando essas lembraças voltam ao meu pensamento, vejo como minha infância foi feliz e inocente, ao contrário de hoje, que com 10 anos, as crianças já querem computador e fazer tatuagens. Sinto falta dessa inocência nessa nova geração, que cresce mentalmente tão rápido, que não conseguimos acreditar que ontem nós trocamos suas fraldas e hoje eles nos olham e julgam como caretas e sem noção. A infância passou tão depressa, é tudo tão prematuro que assusta. Mas as coisas estão sempre em constante mudança, então deveríamos nos acostumar a elas, mas existem coisas como a inocência que deveria ser preservada o máximo de tempo possível, cada coisa no seu tempo, mas infelizmente não acontece mais assim. Que pena!
Li uma vez que a menina perde a inocência quando ela começa a sentir vergonha, quando percebe que a calcinha aparece, por baixo da roupa, ou quando é motivo de piada. Exemplo: " - Olha que bonitinha, parece uma tanajura (formiga que tem a bunda grande e a cintura fina)." A maioria das meninas ficaria complexada a alguns anos atrás, mas hoje, parece que passados os dez primeiros anos de vida, a sexualidade e a sensualidade afloram. Esse tipo de piada hoje, é considerado elogio e não traumatiza ninguém.
Me assuta pensar que cada geração perderá a inocência mais cedo e não irá aproveitar a melhor fase da vida, que é a infância, sem preocupações ou compromissos. Agradeço a Deus pela minha infância, que apesar de curta (tive que começar a trabalhar muito cedo), foi maravilhosa.
Beijos!