quarta-feira, 28 de março de 2012

Memórias da Infância

Tenho minha duas Avós ainda vivas. A que tem quase 95, se chama Ana, e é mãe da minha mãe. A outra, tem 88, se chama Ida, é mãe do meu pai. Desde pequenos, fomos criados pela minha Vó Ana, porque meus pais trabalhavam fora o dia todo, e nós ficávamos na casa dela, que era do lado da nossa. Passei grande parte da minha vida frequentando a casa dela, ao contrário da Vó Ida, que só víamos em alguns finais de semana. Minha Vó Ida mora no interior de Brusque e até a minha idade de uns 12 anos, lá não existia energia elétrica. Para mim, meu irmão e minha prima (que sempre carregávamos junto) era diversão na certa quando meu pai avisava cedinho que iríamos para Brusque visitá-la. Eu explico o porque.

Quando a noite caía na casa da Vó Ida,  ficávamos todos no escuro, conversando na varanda até mais ou menos umas oito e meia, nove horas e então nos preparávamos para dormir. Essa era a melhor parte. Minha Vó tinha alguns lampiões feito com querosene, onde era aceso a ponta que era de pano para iluminar a casa e nos locomover dentro dela. Desse lampião saía uma fumaça preta que deixava aquele cheiro de querosene pela casa toda. Eu adorava esse cheiro, sempre me trazia boas lembranças. Meus pais dormiam num quarto e eu, meu irmão e minha prima dormíamos ao lado do corredor da casa, de frente para o quarto dos meus pais.

É tão bom brincar no meio da natureza...

A casa da minha Vó, é como aquelas casas de filmes antigos com vários quartos ao longo de um corredor de madeira, com sótão e porão. Ninguém queria dormir nos quartos, e como meus Avós deixavam nós fazer quase tudo o que queríamos, não se importavam de nos ver esticados numa salinha ao lado do corredor. E alí ficávamos deitados no escuro, escutando as piadas do meu pai com meu Avô, um em cada quarto, e rindo até nossas barrigas começarem a doer. Meu Avô era hippie, com cabelos compridos (ele era cabelereiro), usava calça boca de sino e só falava de paz e amor. Ele era um figura!

E quando nós acordávamos de manhã cedinho, já estava no ar aquele cheirinho de café. Minha Vó sempre fazia doces, cucas e várias guloseimas que só as Avós sabem fazer. Mas ela fazia thapyoca, um tipo de doce seco, que lá em Brusque chamavam de bijú, que eu e meu irmão comíamos de quilos. Hoje em dia é tão difícil achar esse docinho. Tomávamos café e nosso serviço era tratar as galinhas. Eles tinham um rancho separado da casa, onde tinha um debulhador de milho. Nós nos divertíamos tanto para debulhar aquele milho, jogar para as galinhas e ver elas correndo como loucas, mortas de fome. E enquanto elas comiam, nós corríamos no outro ranchinho onde haviam vário ninhos de galinhas, recolher os ovos. Era muito divertido!

Nós também fazíamos isso quando as galinhas acabavam de comer...

E assim passávamos o domingo, brincando com as galinhas, gatos, cachorros, ajudando meu Avô a dar leite para os bezerrinhos, tratando as vacas, colhendo verduras na horta, enfim, fazendo "serviços rurais". Mas isso era tão prazeroso, que o dia passava voando, e quando víamos, já era hora de ir embora. Bons tempos que não voltam mais...

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