sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sextas feiras chuvosas...

Quando eu estava na fase de criança entrando na adolescência, eu sempre tinha uns pensamentos estranhos a respeito do meu futuro. Às vezes eu via coisas em filmes, ou em livros, e automaticamente os incluía nos meus pensamentos futuros. Vou citar um exemplo. Assisti um filme uma vez, onde a protagonista morava sozinha em um apartamento talvez no quinto andar, onde a luz do neon da coca-cola ficava piscando dentro do apartamento dela. Então ela se deitava para dormir, e o neon ficava piscando no seu rosto. Achei aquilo tão legal, que desde pequena, queria morar em um apartamento sozinha, numa cidade grande, onde luzes ficassem piscando dentro do meu apartamento também. Até hoje não entendo o que eu achei de tão legal nisso.

Outro pensamento que eu tinha, era a respeito dos finais de tarde, especialmente se fossem uma sexta feira chuvosa. Eu me imaginava, saindo do trabalho, vestida de tailleur, de salto alto e meia fina, com um guarda chuva muito chique, debaixo daquela garoa fina, indo para casa do trabalho. Ficava imaginando que eu passaria no mercado para comprar várias guloseimas antes de ir para casa. Aí chegaria em casa, no meu apartamento com luz de neon, tomaria um banho, faria uma comida bem gostosa, e me perderia assistindo filmes durante toda a madrugada, afinal, nos meus pensamentos futuros e perfeitos, eu não trabalharia no sábado.

Isso não é pra mim...
No meu apartamento, eu teria um companheiro. Um gato gordo e carinhoso, que viria correndo ao meu encontro, toda vez que eu abrisse a porta, carregada de sacolas de compras. Então eu abriria uma latinha de atum, ou sardinha e trataria o pobre bichano, que depois em forma de agradecimento, deitaria comigo no sofá, para me fazer companhia durante a sessão de filmes. É engraçado como esses pensamentos vem a tona, sempre que uma sexta feira chuvosa resolve aparecer. Parece que eu volto a fase dos pensamentos estranhos, da nostalgia da infância, da imaginação perfeita.

Mas quando esses dias aparecem, eu fico pensando em quanto os meus pensamentos a respeito do meu futuro mudaram radicalmente. E me sinto tão feliz e realizada agora, que tudo aconteceu ao contrário. Eu casei, não moro em apartamento nem tenho um neon da coca-cola piscando na janela do meu quarto. Detesto salto alto e meia fina, nunca me senti bem vestida em um tailleur. Sempre que chove ou garoa, eu saio de casa de carro, ou evito sair. Gosto da chuva para ficar em casa. Mas eu tenho um gato gordo, aliás, dois, um gordo e um magro. Posso dizer até que alguns pensamentos que eu tinha quando criança,  que vi em filmes ou em livros, consegui adaptar para minha vida agora, mas já não fazem mais o mesmo sentido.

Lembro de um filme que assisti, onde aparecia em cima da mesa da sala, um pequeno vaso branco, com uma florzinha vermelha solitária, dentro dele. Eu sempre quis ter um vaso com uma florzinha igual na minha casa, porque eu achava que era um detalhe tão delicado. Então eu ganhei um pequeno vasinho branco, igualzinho como aquele que imaginei a vida toda. E se você acha que ele está na minha mesa de centro, com aquela pequena flor vermelha delicada, enfeitando minha casa, está muito enganado. O vasinho está guardado dentro do meu armário da cozinha, esperando aquela florzinha para enfeitar a minha casa. Como eu falei anteriormente, alguns pensamentos já não fazem o mesmo sentido, nem tem o mesmo valor.

O meu vasinho é menorzinho, e a florzinha é vermelha e solitária.

Então é isso que temos para hoje, pensamentos nostálgicos numa sexta feira chuvosa em Timbó City.

Até mais!




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