terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ocorrência Numero 2

Fomos acionados para fazer um transporte de um bebê de 2 meses, com problemas cardíacos, de um hospital de pequeno porte, para um de maior porte com o equipamento necessário para assiti-lo durante a sua recuperação, ou seja, uma UTI. Chegamos ao local e havia uma duzia de médicos tentando entubá-lo para poder fazer o tranporte. Como vocês devem lembrar, eu trabalhava numa ambulância básica, sem nenhum equipamento de UTI, portanto, o transporte só seria feito se um médico acompanhasse o transpote conosco na viatura. Depois de várias tentativas sem sucesso, os médicos do pequeno hospital decidiram transferi-lo sem o tubo necessário para manter a respiração e ainda o bebê estava fazendo paradas cardíacas constantemente.

Assim ficou minha cara quando soube o risco que seria o transporte.

Entramos na ambulância, eu, um médico e uma outra enfermeira do hospital para ajudar no processo, se necessário. Saímos da cidade em código 1 (com a sirene ligada) e rumamos ao hospital de destino que ficava a mais ou menos 40 minutos do local. Assim que percorremos os primeiros metros, o bebê fez a primeira parada cardio-respiratória. Com ambulância em movimento, a toda velocidade,  começamos a massageá-lo (o médico) e eu comecei a ambuzá-lo (Ambu é um aparelho destinado a fazer a respiração artificial quando a pessoa faz parada respiratória).

Ambu - aparelho usado na respiração artificial. O infantil é minúsculo.

O problema quando é uma criança tão pequena é que tudo e todos os movimentos tem que ser delicados senão podemos causar um dano permanente a criança. E assim começamos as manobras e depois de algumas tentativas, o pequenino começou a respirar sozinho. Eu estava ajoelhada na chão da ambulância de costas para o motorista, amarrada pelo cinto de segurança pela cintura. Infelizmente nessas situações temos que nos proteger como podemos e fazer o possível para manter o paciente estabilizado. O médico estava sentado no banco ao lado da maca, tambem preso pelo cinto de segurança pela cintura para poder se ajoelhar no chão quando o bebê parasse novamente. A outra enfermeira estava sentada ao lado, segurando o fio do soro, que apesar de preso no teto da viatura, balançava muito devido a velocidade. E assim seguimos caminho.


O bebê fez três paradas cardio-respiratória durante o transporte e conseguimos fazê-lo voltar. Chegamos no hospital de destino com o bebê vivo e chorando, porém, nós três que ficamos atrás na viatura, estávamos nauseados, pálidos e atordoados,  mas muito felizes por todos terem chegado com vida, inclusive nosso pacientinho. Entregamos o bebê aos cuidados do médico plantonista que já nos aguardava,  e após uma breve congratulação ao motorista que além de chegar em menos de meia hora ao destino, não nos colocou em momento algum em perigo, seguimos de volta ao hospital para devolver o médico e a enfermeira. E tudo terminou bem, inclusive com o bebê que acabou se recuperando após uma cirurgia cardíaca. Isso é o que eu chamo de um guerreiro, tão frágil e ao mesmo tempo tão forte.

Assim que eu me sentia, com a certeza de missão cumprida!

Não preciso dizer que ganhei o dia...

Boa semanina...





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