sábado, 28 de janeiro de 2012

Jovens...envelheçam!

Recebi essa semana, um pedido de abertura de processo para um rapaz extremamente novo, de uma medicação para esquizofrenia. O rapaz não tinha mais que vinte anos. Ele sentou-se do lado da mãe e todas as perguntas que eu fazia para ele, a mãe respondia rapidamente antes do garoto, não deixando-o nem sequer dizer como se escrevia seu nome. Qualquer pessoa poderia ver a super proteção da mãe, olhando-o com o rabo do olho e não o deixando falar absolutamente nada, como se ele fosse um inimigo. Ele tentou mencionar alguma coisa, quando foi abruptamente cortado com um toque no braço e o pedido da mãe para ficar quieto. Aquilo me revoltou tanto, que na mesma hora pedi para a mãe que deixasse o rapaz falar. Ela não gostou nem um pouquinho do que falei, e ele, diante de tanta recriminação, calou-se até o final do processo. Ele olhava fixamente para o chão, aquele olhar perdido, sem esperanças, apenas de medo, e toda vez que eu perguntava alguma coisa, ele olhava rapidamente para a mãe e esperava ela responder. Quando li a carta que o médico anexou no processo, o garoto não poderia se portar de outra maneira, senão exatamente como um paciente esquizofrênico, devido ao modo como a mãe o trata. Abaixo está a carta que está anexada no processo, para vocês terem uma idéia do caso.

"Fulano de Tal iniciou com sintomas psicóticos aos 17 anos, com idéias delirantes, auto-referência, alteração da sensopercepção, com retraimento social e sintomas negativos. Deixou a faculdade e atividades sociais. Foram tentados esquemas com haloperidol, tiondazina, clorpromazina e risperidona por tempo e doses adequados sem resposta ou efeito. Efeitos colaterais insuportáveis. Necessita fazer o uso de olanzapina que tolera bem e controla seus impulsos e sintomas."

Quando li esta carta e olhei para o rapaz, vi um espírito bom, preso numa mente doentia. Mas a mente dele não ficou assim por nada. Tenho certeza que grande parte da culpa, se dá a mãe que o super protegeu e continua fazendo isso, não deixando nem o pobre garoto dizer o seu nome. Como ele não teria retraimento social e sintomas negativos? Ele é proibido de falar, de se expressar porque a mãe não o deixa fazer. Eu culpo sem sombra de dúvidas, os pais, pois esse garoto e todos os que tomam essa medicação quando vem retirá-la comigo, são super protegidos, apresentam retraimento social total, tanto que lhes custa até falar. É tão triste ver crianças com essa idade, dopados de medicação e vivendo em um mundo que não existe. Alguns já passam dos trinta anos e vem acompanhados da mãe, e quando eu lhes digo bom dia, eles se escondem atrás da mãe e não respondem, envergonhados como se eu fosse um ser de outro planeta.


Por que não existiam esses problemas até a alguns anos atrás? Hoje em dia não pode brigar, não pode bater, não pode fazer nada e assim eles se tornam crianças e adolescentes problemáticos porque não conseguem sequer resolver seus problemas sozinhos e precisam dos pais para tudo. Eles se escondem do mundo atrás da medicação e estão perdendo sua vida, sem lutar, sem aprender, sem sofrer. Eles não sabem o que é sofrer pois vivem a base de remédios dia e noite, fora da realidade, super protegidos num mundinho seguro que só existe para eles. As pessoas normais tem que apender a passar por dificuldades para poder crescer, se defender e viver a vida independente da ajuda dos outros, e não dopadas com medo do mundo real.

Eu só sinto muito por isso que vejo quase todos os dias e que está aumentando absurdamente. Pais querendo se livrar dos problemas dos filhos sem conversar e os entupindo de medicação para mantê-los "calmos" dentro de uma realidade inexistente. Nessas horas, agradeço a Deus por todo sofrimento que passei, pois me tornei autora da minha própria história, sem remédios, sem super proteção,  resolvendo sozinha os problemas que vinham pela frente.


E mais uma vez eu penso na responsabilidade de ter um filho, em um mundo tão louco como o nosso está se tornando. E se o seu filho crescesse cheio de problemas como o garoto mencionado acima?


Bom sábado!

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