quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Doenças

Resolvi escrever um pouco sobre doenças, que é com o que eu trabalho diariamente. De vez enquando  vou escolher uma doença e falarei sobre ela, procurando sempre pesquisá-las para não passar informações erradas, e contarei também,  algumas experiências vividas nesses quase quinze anos de profissão. Toda doença é ruim, mas algumas são mais agressivas, outras, conseguimos controlar com medicações e cuidados básicos, como alimentação, exercícios, enfim, com as duas palavrinhas que temos pânico só em ouvir: vida saudável. Mas precisamos fazer esforços para melhorar nossas condições de vida, e geralmente quando ficamos seriamente doentes e vemos que não temos como escapar, aí sim começamos a colocar as coisas em prática.

Comecei minha vida profissional em um hospital, e não há lugar melhor para juntar um montão de doenças e dúvidas. Muitas dessas doenças hoje em dia são praticamente normais de tratarem, mas a anos atrás, eram uma novidade, como por exemplo o HIV. A doença era tão temida,  que tínhamos receio só de olhar para o paciente, com medo de contrair a doença. Tudo isso por falta de informação. Para quem trabalha na saúde, é um direito, no caso do pessoal de enfermagem, saber a doença do paciente que você vai tratar,  para  poder usar as precauções necessárias durante o tratamento, evitando a contaminação, sempre olhando pela ética e sigilo profissional.

MEDO

Lembro do primeiro caso de HIV que internou no hospital onde eu trabalhava. Todos tinham medo de atender o paciente pois na época a doença era tão falada e tão cruel (não haviam as medicações que existem hoje e que dão um prognóstico de vida  enorme ao paciente), e pensávamos que só o fato de entrar no quarto poderíamos "pegar aids". Quanta besteira. Com o tempo e as informações necessárias, você vê que essa doença não é nem um pouco tão assutadora comparada a um câncer.

E aí na época fui pesquisar de onde surgiu a Aids. E aqui está a historinha de onde tudo começou. Era uma vez...

Em 1980 apareceu o primeiro caso nos EUA, em homossexuais (usuários de drogas injetáveis), apresentando pneumonia e sarcoma de Kaposi. Dois anos depois a doença começa a aparecer em hemofílicos, usuários de drogas injetáveis, pacientes que receberam transfusões e crianças recém nascidas. Através de relatos de homossexuais,  chegou-se ao nome de Gaëtan Dugas, que manteve relações sexuais com alguns dos homossexuais entrevistados. Gaëtan passou a ser chamado Paciente Zero.

Sarcoma de Kaposi
Gaëtan Dugas foi um comissário de bordo (1953 - 1984), e recebeu esse "apelido" por ter sido a primeira pessoa identificada como transmissora do vírus da Aids. Segundo consta em relatos, ele era um homem muito bonito, e como sua profissão permitia que ele percorresse várias cidades do mundo, isso facilitou a disseminição da doença. Mesmo após saber de sua doença e que era sexualmente transmissível, ele continuou mantendo relações sem nenhum tipo de proteção, com vários parceiros e somente após o ato, avisava os parceiros que ele tinha "câncer gay" e que o parceiro estaria contaminado. Segundo Dugas, ele teve mais de 2.500 parceiros na América do Norte.

Mas, uma série de autoridades, após o estudo do CDC ( Centro para Controle e Prevenção de Doenças), afirma que Dugas foi o responsável por trazer o HIV da Africa para Los Angeles e São Francisco. Um artigo mais recente do ano de 2007, descarta a hipótese do paciente zero e afirma que a Aids transitou da Africa para o Haiti, em 1966, e do Haiti para os Estados Unidos em 1969. Robert R. (?) foi confirmado como a primeira vítima registrada de HIV na América do Norte, falecendo aos 16 anos, em maio de 1969, onde relatou ter os sintomas desde 1966.

Independente de onde a doença surgiu, existem atualmente várias medicações para tratá-la e hoje em dia não é mais um bicho de sete cabeças. Novas doenças sempre surigirão e com elas, dúvidas e receios, mas com a informação necessária tudo se controla,  e logo é encontrado um tratamento, talvez não para curar, mas para amenizar os sintomas e aumentar consideravelmente os anos de vida dos pacientes.

Se for pensar, as palavrinhas "vida saudável" fazem uma diferença enorme quando se trata de doenças. Pense nisso!

Boa quarta!


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