segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como me tornei "enfermeira"

Não me lembro ao certo quantas foram as tentativas frustradas da minha mãe de me ensinar alguma coisa relacionada a área da enfermagem. Minha mãe trabalhou na enfermagem por quarenta anos. Sim, ela já está aposentada. Quando eu tinha mais ou menos uns dez anos, ela me ensinou a verificar sinais vitais (pressão, pulso, temperatura e respiração) e aplicar injeções (ela era minha cobaia). Sinceramente, só fazia aquilo porque achava divertido. O tempo foi passando e eu trabalhando em casa, na firma do meu pai. Até que um dia, a mesma tia do post dos livros, veio me falar que estava abrindo um curso de auxiliar de enfermagem numa cidade vizinha e que nós duas deveríamos fazer. Era de graça. No começo achei engraçado, imagina, nunca quis aprender nada nessa área com uma professora em casa, agora me inscreveria e faria um ano de curso...mas sim, foi isso que aconteceu!
Eu não queria mais trabalhar em casa e achei uma desculpa para então "fugir" do serviço. Fizemos a inscrição e começamos a frequentar o dito curso. Era abril de 1997.

Florence Nightingale - pioneira da enfermagem

Eu já estava empolgada, achando que veria sangue, emergências e coisas bizarras nos primeiros dias de aula. Nossa, que grande engano! Nos primeiros quatro meses, ficamos na sala de aula estudando teoria. Ás vezes quando tinha algum paciente internado que tinha alguma doença incomum, ou algum fato sórdido, a professora nos levava para então estudarmos os pacientes, no quarto deles.
Confesso a vocês que enfermagem realmente não é uma profissão que você faz sem gostar. Não foram nem um, nem dois dias que voltei para casa chorando, pensando em desistir. Minha mãe na verdade, sempre me desestimulou, pois sabia o quanto era difícil e me dizia que eu não conseguiria, que eu deveria deixar a vaga do curso para quem realmente gostasse de cuidar dos outros, pois essa profissão "não é pra qualquer um". Sim, foram essas as palavras usadas por ela. Me senti uma inútil.
Mas, vocês não acreditam o quanto esse "desestímulo" da minha mãe, me motivou! Foi por causa disso que hoje, quatorze anos depois, estou aqui, formada como técnica de enfermagem.
Quanto mais os dias passavam, mais eu me empolgava em querer aprender. Sempre era a primeira a me oferecer para fazer os procedimentos, por pior que eles fossem, eu sentia uma necessidade enorme de aprender a fazer as coisas. O curso era de manhã, e sempre que chegava em casa, minha mãe me perguntava o que eu tinha aprendido. Vendo que eu não iria mais desistir, ela começou me apoiar e me dar dicas.
Aprendi muito com ela, aprendo ainda hoje quando sentamos e discutimos algum caso. Tive ainda a oportunidade de trabalhar com ela em um pronto socorro. Não vou dizer que foi fácil,  pois ela é extremamente perfeccionista, mas valeu a pena. Minha mãe é uma profissional excepcional.


Depois de um ano, me formei e continuei trabalhando nesse hospital onde fiz o curso, por mais três anos. Mais tarde, em 2004, fiz o técnico de enfermagem em Blumenau, e hoje, aqui estou após um longo período de aprendizado (lembrando que nessa profissão o aprendizado nunca acaba), lhes contanto como cheguei até aqui. Não penso em fazer uma faculdade de enfermagem, apesar de amar minha profissão. Penso que não é um pedaço de papel que vai mostrar se você é boa no que faz. Sei que financeiramente, valeria a pena. Mas, eu não continuei nessa profissão por dinheiro, não mesmo! Faço porque amo, e as experiências que você acumula durante a vida é que vão dizer se você é um bom profissional ou não. Dinheiro não é tudo... estou feliz e é isso que importa!



Bom começo de semana!

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